sábado, 1 de novembro de 2014

Sociedade de Consumo

Hoje, sem dúvidas, vivemos em uma sociedade consumista. Isso não é muito difícil de se observar, porém é muito difícil de se combater. Podemos observar um fenômeno presente em nosso meio social, o "fenômeno do consumo dos objetos". Como Baudrillard (1995) disse, tais objetos, que outrora tinham a função de suprir as necessidades humanas, hoje podemos observar que eles (objetos) deixaram, totalmente, de ter conexão com qualquer necessidade definida, e assumem um papel na lógica social, onde se julga pelo o que se tem.
Da mesma maneira que a sociedade da Idade Média se equilibrava em Deus e no diabo, assim a nossa se equilibra no consumo e na sua denúncia. Em torno do diabo, era possível organizar heresias e seitas de magia negra. Mas, a magia que temos é branca, e não é possível qualquer heresia na abundância. É a alvura profiláctica de uma sociedade saturada, de uma sociedade sem vertigem e sem história, sem outro mito além de si mesma. (BAUDRILLARD, 1995).
 Como Karl Marx argumentava, o homem se deixou envolver por um "fetichismo capitalista", no qual ele entra na lógica do objeto. Outro alemão renomado comentou sobre essa lógica do capital, Friedrich Nietzsche refletiu da seguinte maneira: "o que outrora se fazia por amor à Deus, hoje se faz por amor ao dinheiro", ou seja, o que antes era a religião/moral que guiava o ser humano em suas atitudes, hoje muitos (para não generalizar) se deixam guiar pelo dinheiro. Segundo Zygmunt Bauman, a preocupação com a administração da própria vida (interesses pessoais), parece distanciar o ser humano da reflexão moral. Antonin Artaud explica  que isso ocorre "porque não é o homem, mas o mundo que se tornou um anormal".

Baudrillard observa que os "homens da opulência" não se encontram mais rodeados por outros homens, como sempre acontecera, mas sim, sempre rodeados por objetos. O objeto passou a ser o intermediador entre as relações humanas, não havendo mais tanto contato direto entre as pessoas, podemos observar isso claramente em qualquer lugar, por mais que em um ambiente tenha duas pessoas ou mais, elas preferem ficar no celular do que ter algum contato humano naquela ocasião, aumentando muito a ausência mútua de uns aos outros. "Vivemos o tempo dos objetos (...) existimos segundo o seu ritmo e em conformidade com a sua sucessão permanente".
Toda essa sociedade de consumo só pôde ser formada e sustentada por causa de alguns meios, um deles, talvez o principal, é o da "ambientação", que nada mais é do que a alteração do ambiente para despertar um sentimento que leva à consumir, uma espécie de "sedução". Hoje em dia há até diversos tipos de especializações nessa área, como são os casos de alguns cursos superiores como: marketing, arquitetura, designer, publicidade e propaganda, dentre outros. "A montra, o anúncio publicitário, a firma produtora e a marca, que desempenham um papel essencial", tudo cooperando para "seduzir" o consumidor.

Segundo o portal R7, em janeiro de 2014 o número de famílias brasileiras que declararam possuir dívidas já somam 63,4%, crescendo a cada ano. Por meio do endividamento, são visíveis os resultados desse consumismo, porém as pessoas não percebem (ou fingem não perceber) o quão doentia é essa "sociedade da ostentação", na qual se valora pelo o que a pessoa tem e não pelo que ela é efetivamente.
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