segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A governamentalidade em excesso - uma visão foucaultiana

Michel Foucault, comumente conhecido como Foucault, é de nacionalidade francesa, nasceu na cidade de Poitiers, em 15 de outubro de 1926, e faleceu em 26 de junho de 1984, aos 57 anos, de Aids. Foucault veio de família tradicional de médicos, e romper com essa tradição lhe custou muito, e acabou se graduando em história, filosofia e psicologia.

Foucault foi considerado no século XX um dos maiores filósofos da história pela sua perspectiva da análise da história através da genealogia (tomada de Nietzsche), que nada mais é do que a análise da história através de um aspecto crítico da mesma. Foucault analisou ene objetos e aspectos de sua construção, como por exemplo as formas de governo, as relações das instituições e o seu poder na formação da conduta do indivíduo. Dentre estas análises, é evidente notar que o filósofo quis mostrar que nada é natural, e tudo é uma construção histórica. Nada se faz por acaso, ou seja, todo objeto no contemporâneo é uma consequência de uma história.

Michel Foucault deixa claro que nunca poderemos nos livrar das relações de poder e os domínios de saber, que nada mais são do que o conhecimento científico e as tecnologias do poder que dominam os indivíduos. O Estado, na visão foucaultiana, é um Estado biopolítico, pois tem como função apenas cuidar da vida dos indivíduos e de deixá-los viver livremente; no entanto, o Estado não vem cumprindo o seu papel de modo correto, e acaba criando as instituições como uma forma de intervir na vida do ser humano, como uma forma de manipulá-lo e de conduzi-lo a alienação. Por exemplo, quando compramos um celular, este celular é produzido numa instituição que encontra-se diretamente ligada ao governo, e que dependem mutuamente um do outro para viverem. E no entanto, estes aparelhos eletrônicos de "poder", conforme Foucault denomina, são meras formas ocultas para dominar a sociedade e fazer com os mesmos nunca opinem nas razões do Estado e sejam apenas meros espectadores das próprias ações do governo.

De acordo com o dicionário de filosofia, a palavra poder, na esfera social, seja pelo indivíduo ou instituição, se define como "a capacidade de este conseguir algo, quer seja por direito, por controle ou por influência. O poder é a capacidade de se mobilizar forças econômicas, sociais ou políticas para obter certo resultado (...)" Foucault trata principalmente do tema poder, que para ele não está localizado em apenas uma instituição, e nem tampouco como algo que se cede, por contratos jurídicos ou políticos. O poder em Foucault reprime, mas também produz efeitos de saber e verdade, ou seja, os conhecimentos científicos e as tecnologias de poder que objetivam os objetos de uma forma tão pura, que criam a ilusão no ser humano no aspecto deles pensarem que as coisas são todas naturais e não construídas historicamente. Foucault enfatiza que as relações de poder nos obrigam a dizer a verdade para que elas possam produzir a nossa própria verdade. Ou seja, as relações de poder, sejam elas instituições de tecnologias, poder político, leis, escolas, quartéis, faculdades, criam a verdade através do nosso próprio dizer, e com isto as instituições criam a verdade objetiva, ou considerada como "real" para nos manipular,

para assinalar simplesmente, não o próprio mecanismo da relação entre poder, 
direito e verdade, mas a intensidade da relação e sua constância, digamos isto: 
somos forçados a produzir a verdade pelo poder que exige essa verdade
e que necessita dela para funcionar, temos de dizer a verdade,
somos coagidos, somos condenados a confessar a verdade ou encontrá-la.
(Foucault, 1999:29)


No entanto, de acordo com Foucault, a modernidade trouxe duas novidades fortemente interligadas: poder disciplinar, no âmbito dos indivíduos; e sociedade estatal, no âmbito do coletivo. O poder disciplinar surgiu em substituição ao poder pastoral (no campo religioso), poder esse exercido verticalmente por um pastor que depende do seu rebanho e vice-versa. No poder pastoral, o pastor deve conhecer individualmente cada membro do seu rebanho, se sacrificar por eles e salvá-los. Já no campo político, a sociedade estatal veio em substituição ao poder de soberania, vem da lógica pastoral, embora não possa ser salvacionista, nem piedoso e nem mesmo individualizante. Assim, o poder de soberania tem um déficit em relação ao poder pastoral. Daí surge o poder disciplinar para preencher essa lacuna, com efeitos individualizantes, vigilante, a fim de preencher os espaços vazios do campo político.

Cabe dizer que para Foucault, o Estado nada mais é do relações de poder; ou seja, uma forma em que ele produz o ser humano que quer, sem com que o indivíduo tenha uma resistência contra ele, e a forma mais eficaz de se combater um Estado ganancioso e pretensioso, é questioná-lo, é criticá-lo, é colocá-lo à prova da verdade e desvendar sua racionalidade que é criadora das próprias instituições de poder e manipulação. Devidamente à isto, cria-se a nova ideologia de "se podemos ser governados, como podemos não ser governados?" A única resposta é utilizar da política crítica, ou seja, testar os limites do Estado, pois tudo aquilo que é construído historicamente, pode ser também estudado historicamente. A lógica da desconstrução de Deleuze é clara em dizer que "tudo aquilo que é compreendido, pode ser destruído." Não no aspecto de anarquismo e destruição do Estado, mas nunca forma de compreendê-lo e fazê-lo tornar-se eficaz em suas próprias ações. O Estado é do povo, e não de meras instituições e de pessoas especificas.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Estado de Natureza - "Onde não há lei, não há liberdade"

Boa tarde caros leitores, seguirei hoje as mesmas diretrizes dos meus colegas, o estado de natureza, mas com uma visão mais liberal, ou melhor dizendo, partindo da visão de John Locke.

John Locke foi um filósofo inglês e ideólogo do liberalismo, sendo considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social. Locke determinava que todos os homens que nascem possuem direitos naturais que seriam, direito à vida, direito à liberdade e a propriedade, ele concretizou que para se haver esses direitos plenos o homem instituiu o governo, e afirma que se o mesmo desrespeitasse os cidadãos poderiam se revoltar contra eles. Pode ter o conceito da natureza humana de Locke distinto do de Thomas Hobbes, onde afirma que os sentimentos de liberdade e igualdade conduzem a guerra constante, mas sim onde se diz respeito a uma situação de relativa paz, entendimento e harmonia.


Contudo John Locke apesar de pensar em um lado positivo da liberdade e igualdade no estado de natureza, ele menciona que para se transferir de um estado de natureza para uma sociedade cívica onde que tem que haver um respeito de tais direitos, é necessário instituir um contrato, o contrato social, no qual o Estado seria o mediador, ou melhor, “dono” do poder político para assim que se preserve e consolide esses direitos de cada homem.

É em nome dos Direito Naturais do homem que o contrato social entre os indivíduos que cria a sociedade é realizado, e o governo deve, portanto, comprometer-se com a preservação destes direitos(MARCONDES, 2008, p. 204)

John Locke conceitua um estado liberal aquele cujo possui poderes e funções mas são limitados, assim sendo o avesso de um estado qual o poder é absolutista que imperou em uma grande parte da idade média e idade moderna. Da mesma forma, ele se coloca contra ao que hoje é considerado ser o Bem- estar social ou Estado Social, aquele em que se viu na antiga União soviética no século XX. Um outro grande pensador Norberto Bobbio também argumenta que um Estado liberal não é necessariamente democrático, mas sim o seu oposto, que se realiza historicamente em sociedades nas quais prevalece a desigualdade à participação no governo, sendo assim de uma forma restrita, limitada a classes que as possuem.Locke também nos diz que questões públicas envolvendo o estado tende ser separadas de questões religiosas, ou seja, deve ser um estado laico.


Finalizando, que a função desse Estado “dono” de um poder pólitico deve sim garantir esses direitos naturais de cada indivíduo, respeitando assim o direito de liberdade e iguladade, mas pare pra refletir, até onde liberdade e igualdade conseguem caminhar junto com o molde capitalista? Vale a pena refletir, e se tem infelizmente em uma ideologia desta a priorização do indivíduo, deixando a mercê a verdadeira democracia, assim finalizo com uma questão, é possível possuir em uma democracia um sistema como este?

domingo, 2 de novembro de 2014

Estado de Natureza - "Guerra de todos contra todos"

Thomas Hobbes foi um matemático, teórico político e filósofo inglês do século XVII. Em sua principal obra, Leviatã, Hobbes declara a importância de um Estado Político em uma sociedade, pois para o autor o homem no Estado de Natureza, no qual não há uma forma de governo, é conhecido como o "mau selvagem". Sua crítica é diretamente ao direito da natureza, pois é um direito a tudo, sem limites e, por isso, há uma condição de incessante conflito, "uma guerra de todos contra todos", pois o homem no Estado de Natureza, tende a agir com violência, porque, neste estado, os homens não conhecem os limites para suas ações.

Para Hobbes, o homem não é um animal político por natureza, mas sim por necessidade de seus interesses particulares. Ao contrário da visão utópica e romântica de Rousseau, na qual o homem é considerado o "bom selvagem", que é uma completa e perfeita harmonia no Estado de Natureza, Hobbes alega que, apesar de que o homem seja racional e a mais perfeita criatura, ele possui suas paixões, que é resultado da influência de seus sentidos e de suas ambições, ou seja, o homem sempre vai privilegiar o seu interesse, por mais que tenha que passar por cima do outro, ele fará. Até hoje em dia, que possui um governo, nós podemos observar casos assim, então imagina em um período onde não há um governo? Hobbes afirma que "qualquer forma de governo é melhor do que a ausência de um governo. O despotismo por pior que seja, é preferível ao maior mal da anarquia, da violência civil generalizada, e do medo permanente da morte violenta". Ou seja, o homem tornou-se político, principalmente, para defender seus interesses, tais como a própria vida.

Os homens precisam sempre ter alguém para guiá-los, alguém que detenha poder para poder estabelecer uma ordem e, consequentemente, a paz. Este alguém é o Estado, denominado como Leviatã, "um homem artificial, bem mais alto e robusto que o natural, e que foi instituído para sua proteção e defesa", mas em outro artigo irei explanar sobre o Leviatã de Thomas Hobbes. E ao contrário do Estado Político, no de Natureza não temos segurança e nem a certeza de que não seremos atacados, e se formos, quem intervirá? Quem trará a justiça? Pode existir paz em um lugar onde a lei do mais forte predomina? Provavelmente foram com esses tipos de dúvidas e o cansaço da instabilidade, que os homens assinaram o contrato de sujeição, no qual se instituiu o Estado Político. Porém todos os homens devem consentir com o contrato, não podendo renunciá-lo. Hobbes afirma que o homem teme o Estado de Natureza, e é esse sentimento de temor que faz com que os homens queiram viver em sociedade, tendo um Estado capaz de harmonizar os indivíduos, é o que ele chama de "medo mútuo".

Sem dúvidas, Thomas Hobbes foi um filósofo e tanto, sempre considerando o homem da forma que ele é, e nunca da forma como ele deveria ser. Sua descrição sobre o Estado, ao comparar com um homem artificial, é fantástica! Comentarei sobre isso em breve, aguardem. Encerro este artigo retomando sobre o quão imprescindível o Estado é em uma sociedade, cujo o mesmo tem como objetivo a salus populi, a segurança de seu povo.

O estado de natureza como sociedade ideal

Jean-Jacques Rousseau, filósofo romântico do século XVIII, deixou-nos um legado importante, apesar de ser humanista, e acreditava piamente na humanidade e no próprio homem como fonte de reestruturação da sociedade para uma progressão transcendente. Para Rousseau o estado de natureza não caracteriza um período da história humana marcado por inconveniências a serem superadas pela constituição da sociedade civil. 

Aqueles para os quais o estado de natureza constituía uma etapa que precisava ser necessariamente ultrapassada para que a humanidade pudesse estabelecer formas de convivência mais adequadas ao conjunto dos indivíduos, como é, por exemplo o caso de Hobbes e Locke. Para Rousseau o estado de natureza era plausível, mas deixou de ser a partir do momento em que o homem descobriu o seu poder entre os demais e disse ao outro: "Isto aqui é meu", ou seja, no momento em que o homem cria uma ideologia de que algo lhe pertence, ele restringe tal objeto como fonte única e intocável dele. E é exatamente à isto que contradiz o que Rousseau considerava como estado de natureza, o do "bom selvagem"; uma vez que o homem deixa de ser inocente sobre seu próprio mundo e suas escolhas, e escolhe apenas o que lhe convém, ou seja, o pior para os outros homens. O indivíduo torna-se individualista e esquece de todos os demais.

Embora na visão de Hobbes, o estabelecimento da sociedade civil através de um pacto realizado por toda a comunidade (contrato social) trazia ganho suficiente - em termos de preservação da vida, da liberdade, da propriedade, dos bens e da segurança do respeito às leis que deveriam ser submetidas à todos os indivíduos, para Rosseau o estado de natureza tinha a plena ausência de grupamentos humanos, ou seja, da vida em comunidade, já que esse período é marcado pelo isolamento quase completo dos indivíduos, quebrado apenas para efeitos de reprodução. No entanto, para Rousseau os homens no estado de natureza não tinham

a menor necessidade um do outro; (...) não tendo nem casa, nem cabanas, nem
propriedade de nenhuma espécie, cada qual se abrigava a esmo e em geral por
uma única noite; os machos e as fêmeas uniam-se fortuitamente conforme o
caso, a ocasião e o desejo (...). Logo que tinham forças para procurar seu alimento,
[os filhos] não tardavam em deixar a própria mãe e, como quase não havia
outro meio de encontrar-se senão o de não se perder de vista,
logo chegavam ao ponto de nem sequer se reconhecerem uns dos outros.

Conquanto vale ressaltar que enquanto Hobbes conceituava o homem como naturalmente mal, ou seja, "o homem é o lobo do próprio homem", pois enquanto não houvesse para Hobbes uma forma de regras as condutas humanas, não haveria paz entre os homens. Mas questiono: hoje em dia não deixamos de ser lobo do próprio homem, pois sempre buscamos derrubar outrem para subirmos ao topo, e as regras não nos salvam, quando a sociedade em si busca incessantemente poder e o quebramento de condutas corretas. Porém, para Rousseau o homem era naturalmente bom, e que somente se desvirtuaria com a civilização, ou seja, a vida em grupo. "O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se acorrentado", tal frase de Rousseau em seu livro Contrato Social, foi uma vidência de suma importância para a compreensão da sociedade contemporânea, uma vez que nascemos livres para fazer nossas escolhas, mas por toda parte encontramo-nos condenados a sermos escravos de nossos próprios desejos, ou seja, acorrentados por nosso próprio eu.

Cabe dizer: o utópico contrato social que temos para vivermos em sociedade, supre as nossas vontades? Somos efetivamente precavidos de danos e seguros em nosso modo de viver? Ora, poderíamos concluir que de fato Rousseau não estava demasiado errado em seu romantismo, uma vez que o homem em estado de natureza não necessitaria de toda esta parafernália que nos cerca e que nos faz ser um eterno escravo de si mesmo, pois viveriam por suas vontades naturais, e não artificiais conforme a própria civilização nos coloca à cada dia. O homem em estado de natureza morreria pela vontade da natureza, e não conforme a morte que nos é dada na civilização contemporânea: por interesses egoístas.

O Estado de natureza seria tão maléfico quanto pensam os não-romancistas? Ou seria o contrato social uma utopia para cegar aqueles que não querem enxergar o mundo com amor?

sábado, 1 de novembro de 2014

O que estamos vivenciando, Democracia ou Autoritarismo ?

Boa tarde caro leitores, hoje o tema é bastante reflexivo e polêmico, o estado brasileiro, este é o tema abordado hoje em meu artigo.

Começo o artigo com a seguinte pergunta, "será que não vivemos em um governo Autoritário?" Coloco a seguinte duvida, pois onde se tem um estado onde fazem emendas sem nossa votação, fazem investimentos particulares sem o nosso consentimento, onde os tornam um estado independente como cita o Filósofo Marcos Nobre o estado se torna"Autonomizado", ou melhor, o estado fica mais importante do que seu próprio povo! assim subsequentemente o mesmo se transforma em uma forma Autoritária de governo, assim não sendo uma democracia representativa igual nosso modelo, pois onde era pra se atender necessidade de todos e representação dignas dos eleitos, está se possuindo um governo de interesses particulares dos que estão nesse patamar de poder.

A partir  desse conceito explanado, Hobbes diz: "Um governo absoluto continua atendendo a todos" será mesmo? Um Estado onde possui as mesmas pessoas há mais de anos está atendendo a todos ou está atendendo a necessidades especificas de algumas pessoas? Veja o enfoque dá minha crítica não é somente este governo que se prolonga cada vez mais, mas sim aqueles sanguessugas que já mencionei que fazem assim uma política de interesses! Onde-se a sociedade mal possui voz diante destas famílias e quando se possui é só por um momento e depois desisti  logo em seguida. 


Relaciono ainda estas últimas eleições com um conceito de Maquiável, onde este atual governo está com uma Fortuna grande, pois onde pode se ver no último governo a Virtú ficou escassa, e com essa grande Fortuna e por uma falta de projetos e concretizações da oposição ele se reelegeu mais uma vez, mas veja não quero mencionar que governo não está fazendo nada, deixando assim a mercê a sociedade, isso seria uma tremenda ignorância, inclusive falar que o nordeste é cheio de incapacitados é ignorância pura, pois há alguns planos criados que são ótimos, como o grande acesso que se tem hoje para um ensino superior, fantástico! Isso pode mostrar que um dia chegará uma hora onde esses homens, cujo só se aproveitam do poder para seu benefício próprio não terá mais vez, lembraremos disso e vamos refletir ainda mais "como eramos assim ou melhor como uma grande parte era assim"sem ao menos se impor ao estado não deixando fazer qualquer coisa sem o nosso consentimento.

Encerro dizendo que nós devemos assumir mais nossos papéis de cidadãos do que meros críticos ou defendedores de um governo cujo interesses são particulares, devemos conscientizar a todos a realidade onde se vive, e assim a partir de um bom proveito que tal governo fez podemos melhorar cada dia mais nossa vivência e fortificar um estado melhor sem essas palhaçadas de candidatos mal preparados e aqueles cujos querem levar até seu cachorro para cargos! 



Sociedade de Consumo

Hoje, sem dúvidas, vivemos em uma sociedade consumista. Isso não é muito difícil de se observar, porém é muito difícil de se combater. Podemos observar um fenômeno presente em nosso meio social, o "fenômeno do consumo dos objetos". Como Baudrillard (1995) disse, tais objetos, que outrora tinham a função de suprir as necessidades humanas, hoje podemos observar que eles (objetos) deixaram, totalmente, de ter conexão com qualquer necessidade definida, e assumem um papel na lógica social, onde se julga pelo o que se tem.
Da mesma maneira que a sociedade da Idade Média se equilibrava em Deus e no diabo, assim a nossa se equilibra no consumo e na sua denúncia. Em torno do diabo, era possível organizar heresias e seitas de magia negra. Mas, a magia que temos é branca, e não é possível qualquer heresia na abundância. É a alvura profiláctica de uma sociedade saturada, de uma sociedade sem vertigem e sem história, sem outro mito além de si mesma. (BAUDRILLARD, 1995).
 Como Karl Marx argumentava, o homem se deixou envolver por um "fetichismo capitalista", no qual ele entra na lógica do objeto. Outro alemão renomado comentou sobre essa lógica do capital, Friedrich Nietzsche refletiu da seguinte maneira: "o que outrora se fazia por amor à Deus, hoje se faz por amor ao dinheiro", ou seja, o que antes era a religião/moral que guiava o ser humano em suas atitudes, hoje muitos (para não generalizar) se deixam guiar pelo dinheiro. Segundo Zygmunt Bauman, a preocupação com a administração da própria vida (interesses pessoais), parece distanciar o ser humano da reflexão moral. Antonin Artaud explica  que isso ocorre "porque não é o homem, mas o mundo que se tornou um anormal".

Baudrillard observa que os "homens da opulência" não se encontram mais rodeados por outros homens, como sempre acontecera, mas sim, sempre rodeados por objetos. O objeto passou a ser o intermediador entre as relações humanas, não havendo mais tanto contato direto entre as pessoas, podemos observar isso claramente em qualquer lugar, por mais que em um ambiente tenha duas pessoas ou mais, elas preferem ficar no celular do que ter algum contato humano naquela ocasião, aumentando muito a ausência mútua de uns aos outros. "Vivemos o tempo dos objetos (...) existimos segundo o seu ritmo e em conformidade com a sua sucessão permanente".
Toda essa sociedade de consumo só pôde ser formada e sustentada por causa de alguns meios, um deles, talvez o principal, é o da "ambientação", que nada mais é do que a alteração do ambiente para despertar um sentimento que leva à consumir, uma espécie de "sedução". Hoje em dia há até diversos tipos de especializações nessa área, como são os casos de alguns cursos superiores como: marketing, arquitetura, designer, publicidade e propaganda, dentre outros. "A montra, o anúncio publicitário, a firma produtora e a marca, que desempenham um papel essencial", tudo cooperando para "seduzir" o consumidor.

Segundo o portal R7, em janeiro de 2014 o número de famílias brasileiras que declararam possuir dívidas já somam 63,4%, crescendo a cada ano. Por meio do endividamento, são visíveis os resultados desse consumismo, porém as pessoas não percebem (ou fingem não perceber) o quão doentia é essa "sociedade da ostentação", na qual se valora pelo o que a pessoa tem e não pelo que ela é efetivamente.
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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O homem é escravo de si mesmo? Uma visão existencial.

No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI, no qual os Portugueses traziam os negros africanos para trabalharem a sua mercê. No entanto, vale perguntar: somos ainda escravos? Sigmund Freud, médico e criador da psicanálise no século XX, tem dito que: "O homem é dono do que cala e escravo do que fala." Todavia, Jean-Paul Sartre, filósofo alemão do século XX tem dito que "somos condenados a sermos livre", ou melhor: "somos condenados a existir."

"A existência precede a essência", deste modo, o que consideramos como de início podemos dizer que esta frase resume toda a teoria existencialista sartreana, pois, para o autor, o homem surge no mundo completamente indefinido, mas alguém poderia argumentar dizendo que há uma essência, pois o homem faz parte da espécie "homo sapiens". Mas perguntamos: isso determina o indivíduo X que acaba de nascer? Essa tal essência que poderia ser alegada por muitos, informa, ou melhor, traz assim como no DNA, todas as informações relativas à vida de X? Deste modo vemos a dificuldade em afirmar que a essência precede a existência, mas vemos uma coerência muito maior na afirmação contrária, onde a existência precede a essência. Melhor dizendo: mesmo que o ser tenha efetivamente algo que o determine, ele não é totalmente determinado, pois ele ainda tem toda a sua vida para ser quem ele quer ser.

Cabe dizer então que "somos escravos de nós mesmos", pois estamos sempre condenados à vida e as escolhas que nos são proporcionadas, não podemos nos esquivar da própria existência que é a vida; e muito menos podemos dizer que já somos efetivamente um ser que contém a sua própria essência, pois nada mais seríamos do que um simples objeto: que já vem pronto e nada precisa fazer para se construir. O homem é uma construção contínua de quem ele vai ser,


Mas, por ser livre, o Para-Si, ao surgir, apenas existe, descobre-se no mundo, vazio, 
uma total indeterminação de si mesmo. No começo, não é nada - apenas uma 
“possibilidade de ser”. A partir dessa pura existência, o homem se faz a si mesmo e 
cria a sua essência. Isso explica o princípio sartreano de que “a existência precede a essência” (PERDIGÃO, 1995, p. 90).

No entanto, na visão de Sartre, o homem nasce sem razão, se prolonga por fraqueza, e morre por acaso. O homem nada mais é do que uma formação contínua do que ele quer ser: e o que ele é hoje, é menos do que ele é amanhã, pois à cada dia somos formados por nossas escolhas em deixar de fazer, ou realmente fazer e dar um sentido à vida e ao momento. Cada momento é único, não devemos desperdiçá-los. Momentos são eternos. O homem é livre para viver, mas é condenado à escolher; logo assim, podemos consolidar que: "o homem é escravo de si mesmo", pois é o único indivíduo que se diferencia do animal simplesmente por ter que escolher entre "ser ou não ser".

É tudo culpa da Dilma?

Olá leitores do blog, não vejo outro assunto para começar a explanar minhas idéias igual meu caro amigo Hobbesiano fez, Política, sim muitos falam “mas isso é maçante Maquiavélico”, ”Política é igual futebol e religião, não se discute” e muito mais baboseiras de gente que não quer adquirir tais conhecimentos para poder-se desenvolver melhor intelectualmente e assim subsequentemente promover um país melhor.
Hoje tratarei de um assunto o quanto polemico, e por isso de tal titulação, sim a Presidência do Brasil. Muito se ouve “a culpa é da Dilma”, mas mal se sabe o quanto é difícil estar em uma posição que a “mamãe brasileira” está, veja não quero defender nenhum partido político, pois sou de oposição ao atual, vim falar do quão é árduo e difícil ser um presidente, retomando o papel de um presidente é o mais importante de uma democracia porque ele irá ter a função de chefe de estado e do governo, é responsável pela administração federal e por todos os aspectos de uma lei, sua publicação, sua sanção e promulgação, cuida também da execução e regulamentos dos decretos, sua expedição e também as forças armadas. Veja, isso é muita coisa, não concordam?  Tudo bem que ele quis ser presidente e que arque com as conseqüências, mas entendam o presidente também é um ser humano igual a você, e segundo a CF/88 todos somos iguais perante a lei!. 

“Ta, mas o nosso Brasil está horrível em saúde, educação, índice de pobreza ta alto ainda....”, concordo mas temos que pensar que isso não é somente culpa da Dilma e de seus cúmplices de partido, e sim a política brasileira hoje está uma verdadeira “Família”, onde seus “chefões”não estão fazendo o melhor para contribuir com o desenvolvimento da sociedade e sim se faz para benefício próprio. Certa vez ouvi dizer que só se entra na política se colaborar com os que estão lá e há muito tempo, não discordo que isso tenha acontecido com a dona Dilma, Lula ou até mesmo FHC, pois a máfia está lá há muito tempo, enfim não vou me delongar nesse interesse que será nos meus próximos artigos e sim enfatizo que a atual presidenta possui uma grande parcela de culpa, como escândalos da Petrobrás, mensalão, propinas, pois igual Maquiavel dizia “Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela” mas também temos que colocarmos no seu lugar e ver o quão é difícil. Obrigado por lerem, Boa semana à todos.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Política: Opinião ou hipocrisia?

Não vejo um melhor assunto para tratar, em minha primeira participação no Diários do Subsolo, do que se refere à política. Afinal, política é um tema muito presente em nossa vidas, porém nem sempre damos o devido valor à ela. Sem dúvidas, a política interfere diretamente na vida das pessoas, pois sua vida é moldada de acordo com o seu modo de governo. Por exemplo, a vida de alguém que vive em uma democracia, é completamente diferente da vida de alguém que vive em um país onde sua forma de governo é uma tirania. Nesse aspecto, não se pode refutar sobre a importância da política em uma sociedade, no entanto este não é o meu enfoque.

O que eu desejo mostrar, por meio deste artigo, é que nós precisamos refletir em relação à política. Muitas pessoas são da seguinte opinião: "todo político é corrupto!"ou "o Brasil nunca vai para frente!" e assim, condenam os representantes políticos, alegando corrupção, falta de ética e etc. O meu objetivo não é defender tais representantes e, sim, levar esses indivíduos, detentores deste tipo de opinião, que reflitam sobre o mesmo. Também há pessoas que são, simplesmente, indiferentes quanto ao futuro do país, podemos observar isso na quantidade de votos inválidos (brancos e nulos), nesta última eleição (26/10/2014), que somaram 7.141.606 de votos (TSE).

Também é comum vermos pessoas, de certa forma ignorantes, falarem de política ou até mesmo condenarem os representantes da mesma. Porém eu lhes pergunto: você é tudo aquilo que você cobra do outro? O Brasil é composto apenas por representantes políticos? O que você tem feito para colaborar no meio em que você vive? Sua ética é inabalável como a que você cobra dos outros? São questões assim que precisamos refletir, pois em muitos momentos nos deixamos levar pela hipocrisia e pela ignorância. E, respondendo uma das questões anteriores, um país não é feito apenas de seus representantes, mas sim do seu povo. Se o povo é corrupto, logo seu representante também será corrupto! Uma frase que descreve bem isso é a citada por Joseph de Maistre, na qual diz "cada povo tem o governo que merece".

Quero concluir minha primeira publicação, mostrando que o problema do Brasil não está somente na política, e sim na conduta cotidiana de cada um. Não é um representante que vai mudar um país, mas sim o seu povo, por meio de simples condutas. Só podemos exigir de outrem se nós somos um exemplo para o mesmo.

Afinal, o que Nietzsche queria?

Friedrich Wilhelm Nietzsche, filósofo e poeta alemão do século XIX, deixou-nos apenas uma lembrança da verdade. Afinal, será que Nietzsche estava em busca incessante para a destruição da mentira? “O problema do valor da verdade apresentou-se à nossa frente – ou fomos nós a nos apresentar diante dele?" Nem um nem outro. Em nossa sociedade, podemos analisar claramente que não aceitamos a verdade como ela é, e simplesmente alteramos ela numa forma que se torne mais aceitável e mais encantadora. Por que a verdade valeria mais do que a inverdade? Ambas são apenas conceitos e concepções. Mantendo uma perspectiva crítica em relação àqueles a quem chama de filósofos ou metafísicos, Nietzsche diz que o principal erro destes que procuram a verdade é pressupor que as coisas que mais valorizam não poderiam derivar deste mundo sensível, considerado enganador e fugaz. Ao contrário, deveriam possuir uma origem própria, isto é, única, absoluta, inquestionável, diretamente de algum ponto último que lhes servisse de fundamento, algo como uma coisa em si, um deus oculto ou o seio do ser. A crença é que a verdade tão procurada não poderia ser algo da ordem das experiências e dos fenômenos, devendo pertencer a um outro mundo situado para além do sensível. O erro do mundo consiste em criar verdades particulares, e não buscar uma universal. No entanto, basta questionar: há verdades universais? Não. Não há fatos eternos, assim como não há verdades absolutas. Todas verdades são criadas pelo homem através da história. Cabe dizer que se a verdade é criada, então ela é uma espécie de erro. Uma verdade é apenas um erro mais aceito pela moral, talvez por ser um erro necessário. Melhor dizendo: a verdade é um erro necessário que precisamos para viver. Entretanto, como todas as verdades e valores foram criados historicamente, é um engano tê-los por verdade. A verdade em que se acredita nada mais é do que a crença na veracidade de um engano. Tem-se um conceito de,

"Uma proposição tal qual ‘duas coisas iguais a uma terceira são iguais 
entre si’ pressupõe: 1) as coisas 2) as igualdades: nenhuma nem outra 
existem. Mas, graças a este mundo fictício e fingido de nomes e conceitos, 
o homem adquire um meio de dominar massas enormes de fatos com 
ajuda de signos e os inscreve em sua memória. Este aparelho de signos 
constitui sua superioridade justamente porque lhe permite se distanciar ao 
máximo dos fatos particulares. A redução das experiências aos signos e a 
massa cada vez maior de coisas que podem ser apreendidas: eis sua força 
suprema." (FP 11: 38 [131], Outono 1884 – outono 1885) 

Concluindo a verdade (que já não é verdade pois é um conceito que o homem criou para dominar suas próprias crenças), o que existe até os dias de hoje e o que Nietzsche quis dizer em respeito à verdade, é que ela não existe, já que foi feito pelos homens e cultivados por eles. A verdade é apenas um valor histórico que se adaptou ao homem. A verdade sempre será o nosso suporte para suportar nossas próprias ideologias e crenças em coisas "além-do-mundo". Por isto, Nietzsche pode dizer “que renunciar aos juízos falsos equivale a renunciar à vida, negar a vida. Reconhecer a inverdade como condição de vida: isto significa, sem dúvida, enfrentar de maneira perigosa os habituais sentimentos de valor; e uma filosofia que se atreve a fazê-lo se coloca, apenas por isto, além do bem e do mal”.

Nesta visão Nietzschiana, vale ressaltar que Nietzsche deixa claro que: negar aquilo que temos por verdade, seria negar a própria vida, pois vivemos pelo fato de se sustentarmos em coisas que nos fazem acreditar que a vida vale a pena ser vivida. Independentemente do que se acredita, Nietzsche considera que devemos acreditar no que quisermos, mas não nas coisas que nos privam de viver, pois isto seria realmente uma inverdade, e uma destruição da própria vida. Finalizando, vale viver acreditando em verdades fictícias, pois é a utopia que move o homem, e enquanto houver utopias e sonhos, haverá vidas que valerão, sem dúvidas, à pena serem vividas.